Histórico

O surgimento da Associação Brasileira de Imprensa, em 1908, afirmou a existência de uma classe dos jornalistas, acontecendo a partir daí o nascimento de outras associações de imprensa. A ABI teve como objetivo exercer representação, a nível nacional, da classe jornalista.

Com referência a Pernambuco, a ABI, em 1912, tomou decisão que marcou época, a de eliminar de seu quadro social, o general Dantas Barreto, então governador de Pernambuco, tido como responsável pelo empastelamento sofrido, na sua administração, pelo Diário de Pernambuco e pelos atentados a diversos jornalistas pernambucanos, deles dizendo Mário Melo, em crônica, que amanhecer vivo, diariamente, era incompreensível, tantos foram os periódicos ameaçados, as surras a jornalistas, com assassinatos até por engano, como o de Trajano Chacon.

Passado esses tempos, Sócrates Times de Carvalho diz ser o exercício do jornalismo indício de uma acentuada tendência para o suicídio, lembrando que muitos jornalistas foram obrigados a engolir jornal.

Assim era o cenário, da revolução de 1930, cuja proposta era a Aliança Liberal, vitoriosa nas urnas, mas pela chamada rebelião das massas, amargurada com o assassinato do Presidente João Pessoa, na Confeitaria gloria, em 26 de julho de 1930. No dia 10 de setembro do ano seguinte, pela primeira vez foi celebrado no Recife, o Dia da Imprensa.

A reunião para a fundação da AIP também conhecida como a Casa dos Jornalistas foi dois dias depois (12 de setembro de 1931), por sugestão de Domá­cio Rangel ou de Carlos Rios.

Neste período de 1931, o Recife tinha apenas seis jornais diários que se mantinham em circulação, um número muito inferior haja vista que, de 1829 a 1900 circulavam 66 jornais diários.

Em 1934 houve um trabalho para reorganização as atividades e funcionamento da AIP, surgindo neste período os jornais A Cidade e a Folha da Noite.

Um dos primeiros testes de firmeza da AIP, em 1935, foi quando a Folha do Povo sofreu um empastelamento e prisões de redatores, a Associação agiu para garantir uma imprensa livre.

Por Decreto nº. 653, de 10 de setembro de 1942, o interventor Agamenon Magalhães reconhece a Casa dos Jornalistas como entidade de utilidade pública estadual.

Na década de 1960, entre as ruas Laranjeiras e Trincheiras (hoje Dantas Barreto), com o pátio do Carmo iniciou-se a construção do edifício-sede, com apoio do governador Barbosa Lima Sobrinho, próximo a edificação estão a Praça da Independência, com o Diario de Pernambuco (antiga sede) Jornal do Commercio (antiga sede) e o extinto Diário da Manhã. Ficando a AIP em um dos mais importantes centros urbanos do País.

Em face ao Regime Militar de 1964, ao realizada em 26 de maio uma das sessões mais agitadas, motivada pelas acusações de ser a AIP, novamente, e agora mais seriamente, de estar cheia de subversivos.

Nesse período deve-se destacar, também, o papel do Cine-Teatro AIP,como espaço cultural onde se exibiam clássicos do cinema e filmes censurados. 

As semelhanças e na mesma época do que acontecera com a ABI, a AIP teve suas dependências invadidas para prender associados, sendo no caso da AIP, o diretor Paulo Cavalcanti apenas convidado a comparecer a presença do Cel. Bandeira, no IV Exercito. Consta-se em Ata: os debates foi acentuado, que, até prova em contrario, o associado Paulo Cavalcanti merecia dos seus consortes alto credito como homem de bem.

Merece destaque, ainda, a implantação do Fundo de Liberdade de Imprensa, para ajudar os presos políticos nos anos 60.

Em 14 de dezembro de 1961, em reunião de diretoria, foi apresentada a proposta da AIP ser transformada em sindicato, sendo aprovada a permanência da Associação e a partir dela ser criado o Sindicato dos Jornalistas do Recife, hoje de Pernambuco, que funcionou no 9° do Edifício AIP, sem custo de locação. O jornalista Abdias Moura foi então eleito o primeiro presidente.  

Em 2009, alvo de uma ação trabalhista, a Justiça do Trabalho rejeita o decreto estadual de impenhorabilidade e inalienabilidade do governador Barbosa Lima Sobrinho (1950) e leva o Edifício AIP a leilão sendo salvo pelo decreto de desapropriação do governador Eduardo Campos.

Com intuito de celebrar os seus 80 anos foi realizado em 2011, em conjunto com a Federação Nacional de Imprensa, o 15° Encontro Nacional de Associações da Imprensa que durante três dias debateu sobre Liberdade de Expressão e Imprensa: Jornalismo Imparcial e a ética na Comunicação. Durante o ENAI foi realizado o 10º Ciclo de Conferência da Imprensa Brasileira, com lançamento de selo comemorativo dos 80 anos da AIP, pelos Correios. O evento reuniu presidentes e jornalistas de várias associações de todo o País, finalizando com a entrega do Mérito Aurora Pernambucana de Imprensa a personalidades que trabalham para o fortalecimento da imprensa.

Em 2014, a AIP resgatou sua linha editorial, tendo publicado entre outros títulos o primeiro dicionário Iatê-Português-Iatê, dos índios Fulniô.

Em 12 de setembro de 2017, abrindo uma nova história, a AIP permutou como Governo do Estado sua antiga sede com o novo prédio da Conde da Boa Vista, mas amplo e viável para implantação do Museu da Imprensa. 

Texto: Múcio Aguiar